Na semana passada, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS) aprovou a proposta de regulamentação da profissão de sommelier – profissional apto para executar serviços especializados de vinhos em empresas de eventos gastronômicos, hotelaria, restaurantes, supermercados, enotecas e companhias aéreas e marítimas.
A proposta do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda vai à sanção presidencial, mas o setor está confiante na aprovação. Embora esse seja um importante passo para esses profissionais, ainda há muito a fazer.
Para refletir mais sobre o assunto, vale ler o desabafo do Didú Russo, colunista da revista Prazeres da Mesa e pai de um sommelier. Ele acompanha de perto as desventuras desta profissão ainda pouco valorizada em nosso país.
O primeiro passo parece estar dado, mas ainda falta muito. Vejamos por exemplo a qualidade da formação dos profissionais do vinho. Há uma determinação a respeito dos currículos básicos necessários? Não. Mas deveria.
Outro ponto de discussão são as condições em que o sommelier trabalha. A maioria nem sequer pode provar os pratos do restaurante e perdem pontos com seus clientes (é o caso da maioria dos restaurantes de primeira classe). Afinal, como indicar com segurança uma harmonização sem provar os pratos do cardápio? Outras casas ainda tiram do profissional o dever da escolha dos vinhos da carta. No Brasil, sabemos que essa decisão é feita pelos patrões que muitas vezes visam interesses próprios. Sem citar as comissões de importadores e rolhas. É legal? E qual a responsabilidade do sommelier com o resultado de ganho e giro da carta por ele escolhida? No exterior eles costumam ganhar por isso, mas têm o poder de decidir por ela.
E quando uma importadora ou um produtor convida o sommelier para viajar e conhecer in loco sua vinícola, o que é de inegável importância para seu aprimoramento cultural, e esses dias são descontados de suas férias, isso está certo? E o piso salarial e a participação nas gorjetas, que muitas vezes costumam ser absurdamente surrupiadas por donos de restaurantes para repor taças ou toalhas?
E finalmente o ponto mais importante de todos: a consciência de classe. Quantos sommeliers estão sabendo da regulamentação e o que ela significa. Essas questões também não deveriam ser regulamentadas? Viva a realidade brasileira!
fonte PRAZERES DA MESA
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