A 120 km do badalado balneário uruguaio Punta del Este, 14 fazendas de azeitona colocaram a região na rota do turismo gastronômico internacional. Concentrados na Serra dos Caracóis e na Serra de Carapé, na província de Maldonado, os solos férteis e os ventos oceânicos do leste do Uruguai dão condições para a produção artesanal de azeite extravirgem de altíssima qualidade. Além de exportar o azeite, produtores abrem suas porteiras para receber turistas interessados na degustação.
O surgimento da rota do azeite, chamado de Ruta del Olivo, uruguaio é recente. As primeiras oliveiras foram plantadas na região há menos de 10 anos. Como o pé leva de três a seis anos para crescer e dar frutos suficientes para a produção do azeite, a maioria das fazendas está em sua segunda ou terceira colheita. E o turismo ainda é insipiente. Por não terem boa infraestrutura para receber visitantes, as degustações ocorrem de maneira bastante informal. Hoje, a microbacia produtiva uruguaia ocupa 500 hectares de oliveirais.
Uma das principais produtoras de azeite extravirgem da rota é a fazenda Finca Babieca. Comandada pela engenheira química Isabel Mazzicchelli, diretora do Instituto de Gastronomia do Uruguai, a empresa foi criada por quatro amigos espanhóis de Bilbao que viram nas terras uruguaias uma oportunidade de investimento. Em 2005, quando compraram a fazenda, o país passava por uma crise econômica que derrubou o preço das terras. Agora, exportam para os Estados Unidos e Europa e miram o mercado brasileiro.
“Para ser considerado extravirgem, o azeite tem de ter até 0,8% de acidez, mas nosso azeite não ultrapassa os 0,3%. Então, essa não é uma preocupação para nós. Aqui, o que determina a qualidade são os procedimentos”, explica Isabel. A Finca Babieca está em sua terceira colheita. Tudo é feito manualmente e o processamento é realizado no mesmo dia da colheita. “Produzimos um litro de azeite a cada 10 kg de azeitona, ou seja, aproveitamos 10%. Acima de 20% não há qualidade”, diz.
Uma vez tirados das oliveiras, os frutos são levados em pequenas caixas plásticas até o local do processamento. “Não utilizamos o sistema a granel para não amassar o fruto durante o transporte, como fazem em produções de azeite comum”, compara. Além disso, até 600 kg de azeitonas são armazenadas no mesmo recipiente, enquanto na produção de azeite comum este número pode chegar a 5.000 kg.
No processo mecânico, sem refinamento ou intervenção química, a colheita é filtrada e amassada separadamente, por qualidade. “Em vez de um amassador que mistura qualidades diferentes, aqui temos três amassadores para garantir a pureza e não misturar com as azeitonas trazidas de fora para serem processadas aqui”, conta.
Outro diferencial da Finca Babieca é que não se usa prensa, mais barata e mais suja, segundo Isabel. Ali se utiliza uma centrífuga e depois se decanta o produto para retirar o resto de sólido. “Somos os únicos no Uruguai que faz isso”, afirma a engenheira. Segundo ela, o azeite produzido lá tem “zero defeito sensorial”, um verdadeiro deleite para os amantes do produto.
O azeite de maior qualidade é o chamado Premium, elaborado com azeitonas da variedade arbequina. Há também azeites frutados, picantes, amargos e com sabor de ervas, feitos com outras variedades de azeitona.
A visita à Finca Babieca sai por US$ 30 por pessoa, mas precisa ser agendada com antecedência por email. O turista participa de uma aula sobre a produção, com direito a degustação do azeite, vinhos e queijos artesanais.
fonte IG ALTA GASTRONOMIA
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