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Todos nós queremos que a indústria de vinho brasileira seja um sucesso. Realmente existem alguns bons exemplos e nos orgulhamos com relação a isso, mas ainda há muito espaço para evolução. A hora é agora, antes que a competição com a Argentina e o Chile fique difícil demais, afinal eles já dominam o mercado.
O que acontecerá quando empresas sérias do ramo, de países como Austrália e África do Sul, que já possuem know-how, têm um grande potencial econômico e são muito bons em marketing decidirem olhar para o mercado brasileiro? Ou quando vinícolas estrangeiras que já estão no mercado de maneira passiva decidirem aumentar suas vendas no mercado nacional? Quando isso acontecer, e vai acontecer, é muito pouco provável que nossos vinhos sejam capazes de competir com os preços dos produtos que vêm de fora. O correto é estar preparado desde já. Os produtores de vinho nacional precisam trabalhar com estratégias para estabelecer a qualidade e o estilo do vinho brasileiro o quanto antes para assegurar a sua sobrevivência a longo prazo.
Uma das alternativas seria o governo criar barreiras comerciais para diminuir a entrada de vinhos importados. Isso seria uma medida desesperada e protecionista, que não beneficiaria o consumidor em nada e muito menos ajudaria no desenvolvimento da indústria. A criação dessas barreiras poderia diminuir a evolução do nosso mercado ainda mais e, por exemplo, aumentar o espaço para as cervejas, já favorecidas pela legislação.
A idéia mais inteligente seria considerar os vinhos importados como oportunidade de termos boas referências e não ameaça. Uma vinícola não precisa ser grande, ter fundos ilimitados e empregar consultores caros para garantir a qualidade. Há exemplos de famílias pequenas gerindo vinícolas no Brasil que estão alcançando boa qualidade com consistência devido à determinação e grande atenção aos detalhes. Os vinhos podem não ser sempre perfeitos, mas mantém padrões consistentemente altos e há uma ambição latente contínua e dinâmica que rege a melhoria do produto.
O que se precisa nesse momento são de visitas, seminários, workshops, opiniões e sugestões de pessoas com um alto nível de expertise técnica. Até aconteceram essas atividades há pouco tempo atrás, mas nada perto do nível ou da frequência que nossa indústria requer. Existem indivíduos brilhantes espalhados pelo mundo que poderiam trazer know-how. São eles que precisamos recrutar para compartilhar seus conhecimentos e experiências, não jornalistas obscuros.
Não devemos parar de falar e trabalhar apaixonadamente em nossos vinhos, mas a indústria deve se profissionalizar para aumentar a qualidade do que é produzido por aqui.
fonte REVISTA ADEGA
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