segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Brasil tem Primeiro Azeite Extraído e Envasado no País


Desde o Brasil colonial surgiram oliveiras espalhadas aqui e acolá em pomares cultivados por imigrantes portugueses e espanhóis. Mas agora, séculos depois, chega ao mercado o primeiro exemplar de azeite brasileiro: o Olivas do Sul. Concebido em Cachoeira do Sul/RS, numa pequena propriedade rural, depois de cinco anos de experimentações alcançou as gôndolas da Casa Santa Luzia (SP) e da rede de supermercados Zona Sul (RJ).

Em estados como Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina começam a despontar ações semelhantes, concentradas por órgãos públicos de pesquisa agropecuária, de apoio e incentivo a tecnologias agrícolas e por empreendimentos de pequenos produtores.

São iniciativas como a da fazenda Maria da Fé, em Minas, que ajudam a quebrar o mito de que o Brasil não tem solo nem clima propícios para essa cultura, como os da região do Mediterrâneo. Ali se faz experimentos com material genético vivo, de oliveiras do mundo inteiro.

Dos testes, já surgiram oito variedades genuinamente brasileiras. Quatro já registradas no Ministério da Agricultura como patrimônio do Brasil no final de 2010.

Basta que se crie um bom cenário para o cultivo das oliveiras para que o azeite deslanche. Isso inclui adubação adequada e solos drenados, com pequenas elevações que permitem que a água da chuva, mais abundante no Brasil, escoe.

Mais determinante ainda é o clima: é preciso ter um longo período de frio para que as oliveiras floresçam, se polinizem e deem frutos. Essas condições já foram alcançadas.

Mas ainda existem entraves, como maquinários caros (importados) e terrenos com declives, que exigem colheita manual dispendiosa e lenta (aquela que lembra a apanha de antigamente em países como a Espanha, registrada nos escritos do cineasta Luis Buñuel: homens trepados em escadas golpeando os galhos das oliveiras e mulheres as coletando no chão).

Os preços também são elevados. O Olivas do Sul, o primeiro azeite produzido e engarrafado no Brasil, custa R$ 36,90 por 500ml na Casa Santa Luzia, por exemplo. Valor próximo do que se paga num azeite mediano português.

Mas de um país 100% importador durante toda a sua história, hoje o Brasil pode atender a 1% da demanda do consumo interno. Para o pesquisador Nilton Caetano, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas, se for mantido o crescimento linear que o setor apontou nesta última década, o Brasil poderá suprir a demanda interna em até 20 anos.

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