segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

McDonald's x Italianos Tradicionalistas - Round II



A guerra do McDonald's com os milhares de italianos que desaprovam sua comida e estilo de alimentação já dura 25 anos. Mas, como toda boa companhia americana, eles não desistem e estão cada vez mais agressivos em suas ações. Depois da polêmica do McItaly (veja aqui), agora a rede contratou o chef milanês Gualtiero Marchesi, que na década de 70 introduziu a nouvelle cuisine na Itália e influenciou centenas de chefs, além de ser o primeiro italiano a receber 3 estrelas pelo guia Michelin. As 419 lanchonetes do gigante americano abertas no país venderam por 3 semanas (a partir de 15 novembro de 2011) dois panini (sanduíches) e um dessert (sobremesa) de autoria do renomado chef.




Apesar do sucesso de faturamento, a vida do gigante do fast-food não tem sido fácil no país. Os problemas surgiram em 1986, quando o McDonald’s inaugurou a primeira lanchonete em Roma (segunda da Itália, após o fracasso da aberta pouco antes no Trentino Alto Adige), no térreo de um palazzo renascentista da Piazza di Spagna.

Acreditando que o fast-food descaracterizava uma zona histórica e ameaçava a genuinidade da sua culinária, a população foi à luta. Os macarroneiros fizeram passeata distribuindo massa à vontade. Instalado nas vizinhanças, o costureiro Valentino teria sofrido um ataque de apoplexia ao sentir o cheiro de batata frita invadir seu ateliê e obrigou o McDonald’s a comprar um equipamento de controle dos odores.

Uma descrição de como os italianos se sentiram nessa época está no blog de Anthony  DiRenzo, professor da Universidade de Ithaca. Clique aqui e leia na íntegra.

Em Altamura, uma localidade do sudeste da Itália onde vivem 65.000 pessoas, Digesù, um padeiro da cidade, teve a ousadia de abrir uma pequena padaria bem ao lado de um imenso local do rei dos hambúrgueres.  E, então, pouco a pouco, os espantosos 550 metros quadrados do McDonald's foram-se esvaziando até o ponto de que o gigante do "fast-food" se viu obrigado a fechar as portas. A freguesia preferiu o pão regado com bom azeite de oliva e condimentado com azeitonas e tomates maduros preparado por Luigi Digesù.

Por essas e outras, o McDonald's sempre agiu com cautela na Itália, contrariando sua política de multiplicação agressiva. Até 1994 eles somavam 23 casas. Para conquistar os clientes incorporou ao cardápio pratos italianos, obviamente sem abrir mão dos calóricos hambúrgueres americanos.

Em 1996, com 38 lanchonetes no país, comprou as 88 da rede italiana Burghy e deu um salto. Depois, abriu outras nos postos de gasolina Agip, introduzindo no país o conceito americano de drive-thru. Finalmente, adotou o sistema de franquia. Agora, requisita Marchesi para inventar receitas. 

São o hambúrguer vivace, à base de carne bovina, com o pão recoberto de sementes de girassol e recheio de bacon, espinafre salteado, cebola marinada e maionese com grãos de mostarda; e o hambúguer adagio, também bovino, com amêndoas em pedaços na casca do pão e recheio de mousse de berinjela, fatias de tomate, berinjela agridoce e ricota salgada; a sobremesa foi batizada de minuetto e reinterpreta o tiramisù, o doce mais popular da Itália, que Marchesi classificou de "alla milanese" por levar uma fatia de panetone ao molho de café, creme de mascarpone e amêndoas. Os nomes saíram da paixão do chef pela música erudita.

"Parece brincadeira", desabafou um jornal italiano. Afinal, Marchesi concedeu ao McDonald’s o aval da alta gastronomia do país no qual fast-food é chamado com ironia de cibo veloce (comida veloz) e onde na década de 80 ele provocou o nascimento do Slow Food, um movimento que propõe a educação do gosto e o respeito ao ritual civilizado da mesa. Mas o chef explicou que seus panini "abriram as portas do reino do hambúrguer à berinjela e ao espinafre". Disse que chegou a hora de levar aos jovens, maioria entre os 700 mil clientes diários da rede na Itália, a revolução do gosto que liderou no século passado.

O chef milanês acredita que contribuirá para refinar o gosto dos jovens viciados em cibo veloce. Que Deus o ajude!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Espumantes Nacionais para Natal e Ano Novo Indicado por Especialistas

No embalo da excelente reputação dos espumantes brasileiros, que têm ganhado prestígio e fama internacionais, seis especialistas provaram, às cegas, 20 marcas de representatividade, sem saber o que estavam bebendo, e escolheram os dez melhores para a noite de Ano-Novo.

Participaram da degustação no restaurante Eñe, no último dia 12, o especialista em vinhos Aguinaldo Záckia Albert, os colunistas da Folha Patrícia Jota e Josimar Melo e os sommeliers Gabriela Monteleone, do D.O.M, Gianni Tartari, do Emiliano, e Manoel Beato, do Fasano. Time de peso, de verdade!

As garrafas foram compradas em lojas, empórios e supermercados algumas horas antes da degustação, para que não houvesse problemas com a armazenagem. A compra dos rótulos, apenas brut, o espumante seco que é o mais produzido e consumido no Brasil, foi feita com base nas sugestões de profissionais da área. Devido à proximidade das festas de Natal e Réveillon, as marcas que não estavam disponíveis para pronta-entrega foram desconsideradas.

O passo seguinte foi resfriar as garrafas para servir os espumantes na temperatura ideal: entre 6ºC e 8ºC.

Foram quase três horas de vaivém de 120 taças numeradas e 20 garrafas, também numeradas, e embrulhadas em papel alumínio para tapar os rótulos. A cada gole, uma pausa. Após cada pausa, muitos comentários. Ao fim dos comentários, algumas anotações.

Considerações feitas, cada degustador deu nota de um a dez para cada espumante. Eles seguiram as recomendações do método de avaliação mais comum e difundido no mundo, criado pelo italiano Giancarlo Bossi. Ele leva em conta os exames gustativo (de características como acidez, equilíbrio, intensidade e maciez), visual (cor, limpidez e perlage - as borbulhas) e olfativo (fineza, intensidade e qualidade).


fonte FOLHA DE SÃO PAULO

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Slogans Sinceros

O tumblr Slogans Sinceros é especializado em "refazer" slogans de empresas muito conhecidas.

Vejam os slogans sinceros demais, relacionados a comer e beber:








segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Alimentos podem Auxiliar na Hora do Sexo



Apesar de alguns alimentos não serem considerados afrodisíacos, eles também ajudam na hora H. Saiba quais e por que:

- Carne: rica em zinco, ajuda a melhorar o desempenho sexual, mas deve ser magra e com pouca gordura para não prejudicar a ereção.

- Abacate: além de ter forma que lembra o órgão sexual feminino, esta fruta é tica em vitamina B6, potássio e gorduras boas que melhoram a vida sexual.

- Amendoim: por causa do zinco, melhora a produção e a mobilidade dos espermatozóides. A falta de zinco decai em 30% a fertilidade masculina.

- Aveia: faz parte dos alimentos fitoestrogênicos, que equilibram os níveis hormonais e ajudam a melhorar o desempenho sexual.

- Banana: piadas de lado, é rica em potássio, magnésio, vitaminas do complexo B e enzima bromeliade. Essa fruta ajuda a aumentar a libido masculina.

- Fava verde: rica em fitoestrógenos, ajuda a manter a saúde sexual em pleno funcionamento.

- Aspargo: capaz de equilibrar os hormônios naturalmente, ajuda a aumentar a libido e ainda é saboroso.

- Café: a cafeína serve como um estimulante sexual e duas xícaras antes da relação ajudam a dar um pique a mais para uma noite caliente.

- Caviar: assim como o ovo, é rico em vitaminas B5 e B6, que equilibra os níveis hormonais.

- Chocolate: o doce nos faz sentir bem e contêm um estimulante alcaloide similar à cafeína, que dá mais pique e libido e ainda ajuda na produção de serotonina, que melhora o humor e o bem-estar.

- Cordeiro: outra carne rica em zinco e que faz parte da dieta Mediterrânea, ajudando a manter as artérias saudáveis e a potência masculina.

- Batata doce: rica em betacarotenos e vitamina A, ajuda a manter os órgãos sexuais femininos em boa forma e a produzir hormônios sexuais.

- Fígado de boi: pode ser difícil encontrar alguém que goste da iguaria, que é rica em zinco e mantêm ótimos níveis de testosterona no organismo.

- Leite: o nutricionista norte-americano Kaayla T. Daniel disse que a natureza indicou gordura animal como uma boa maneira de nutrir uma vida sexual saudável. Para isso, recomenda o consumo de leite, margarina e gorduras saturadas para melhorar a produção de hormônios sexuais.

- Linhaça: rica em fitoestrógenos e ligninas, é excelente para equilibrar os níveis hormonais e aumentar a libido.

- Noz-moscada: um estudo indiano indicou que o extrato de noz-moscada é estimulante de células nervosas e da circulação, ajudando a aumentar o desejo sexual. Adicione ao café e melhore o desempenho sexual.

- Ovos: símbolo da fertilidade, este alimento ainda é rico em vitaminas B5 e B6 que ajudam a combater o estresse e balancear os hormônios.

- Peixes: os peixes gordurosos como salmão e atum são ricos em ômega-3 e melhoram a circulação, facilitando a libido.

- Sementes de abóbora: fonte de zinco, melhora os níveis de testosterona no organismo e a libido.

- Semente de girassol: contém óleos que fazem bem à saúde, potencializam os níveis de hormônio e a libido.

- Trufas: segundo especialistas, o cogumelo tem uma substância similar aos hormônios sexuais de porcos que pode exercer efeito no corpo masculino também.

- Vinho tinto: a Universidade de Florença (Itália) descobriu que mulheres que tomam duas taças de vinho tinto por dia tem a libido maior do que aquelas que optam por outras bebidas.

fonte TERRA

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sorvete de Maconha é Liberado no Brasil



Polêmica à vista: foi liberado o sorvete de maconha no Brasil!

Antes da briga começar, o importador do produto já deixou avisado: o sorvete é de Cannabis Sativa, mas livre de THC (TetraHidroCanabinol), substância  responsável pelos efeitos psicotrópicos e alucinógenos da planta.

A idéia de lançar o sorvete de maconha vem com dois principais objetivos: o primeiro é tentar diminuir o preconceito pela planta de maconha, que pode e é usada no tratamento de diversas doenças, como o câncer. A cannabis é utilizada para amenizar uma série de efeitos colaterais de tratamentos agressivos. O segundo objetivo é a questão de ajudar os viciados em maconha a superar a abstinência. Teoricamente, os viciados poderão aliviar o seu nervosismo e a vontade de consumir a droga através do sorvete.

O sorvete, que terá versões com pedaços de chocolate, pistache e menta, deve chegar até o final do ano em padarias, restaurantes e mercearias. Ainda não existe informação sobre o preço do produto.

fonte R7

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Fasano no Topo!!





O restaurante Fasano acaba de ser eleito o melhor restaurante italiano da América do Sul e Central pela revista inglesa “Restaurant”. Trata-se do “Birra Moretti Authentic Italian Restaurant Awards”, prêmio que procura os restaurantes que mais valorizam a essência da culinária italiana ao redor do mundo. É promovido pela revista inglesa Restaurant, muito conhecida pela respeitada lista “50 Best Restaurants in the World”.


A avaliação levou em conta a matéria-prima utilizada (que precisa necessariamente ser de qualidade e de origem certificada); o respeito às tradições do país, mesmo quando se está desenvolvendo novas propostas; o ambiente e a relação entre o chef da casa e seus clientes. A resenha do prêmio elogia a “deliciosa e experimental cozinha” do chef Salvatore Loi e a ambientação da casa, que oferece “um clima La Dolce Vita aos clientes”.


Nós não conseguimos imaginar um prêmio mais justo para o Fasano.


Fasano - Rua Vittorio Fasano, 88 – Jardins, São Paulo, SP, (11) 3062-4000


fonte PRAZERES DA MESA

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Você Paga o Café do Próximo Cliente




Com um espaço aconchegante e que transmite conceito de sustentabilidade, o Ekoa Café criou uma série de iniciativas para que seus clientes interajam mais, como os Livros Livres, na qual é possível ler os livros durante a permanência no Café ou levá-los para casa, desde que deixe um no lugar; o Cliente do Mês, em que o cliente que mais frequentou a casa no período é homenageado com uma história sua no mural; e o Café Compartilhado, quando alguém toma um café e deixa outro pago para a próxima pessoa com um bilhete de mensagens positivas, gerando um ciclo de boas vibrações e deliciosos cafés – feitos com grãos orgânicos.


O projeto Café Compartilhado, que surgiu com muita atenção ao lema “gentileza gera gentileza" traz a oportunidade para o cliente deixar um café pago para a próxima pessoa, com um bilhete com mensagens. Segundo Marisa Bussacos, proprietária da casa, “a inspiração do projeto foi baseada em um livro que se passa na República Tcheca. O cliente além de deixar o café pago para o próximo que vier – e que fica anotado na lousa - pode escrever uma mensagem positiva para compartilhar com a pessoa que ver o crédito anotado e quiser utilizá-lo”. “No fim, o que dá mais satisfação para as pessoas é receber bilhetinhos com poesias, letras de música ou palavras de incentivo, algo sempre positivo e muito simpático!”, complementa Marisa. A gentileza é sempre muito bem vinda em todas as ocasiões da vida e o Ekoa quer partilhar isso com cada cliente.

Ideia extremamente simpática do Ekoa!

Crônicas de Luiz Groff - O Homem que conhecia Condrieu



Hoje temos o prazer de postar a primeira crônica de Luiz Groff aqui no Gastronomia Descomplicada. 

Luiz Groff é premiado pela Associação Brasileira de Enologia, foi degustador profissional do Instituto Vinho do Porto, tem vários livros publicados e viagens enológicas por todo o mundo.

O Homem que conhecia Condrieu

Estava Sampa numa pior quando leu nos Classificados: “Procura-se quem conheça Condrieu. Paga-se bem”.

Sampa não fazia a menor idéia do que fosse Condrieu, nem ele, nem a Britânica. Na Larousse, apenas uma linha: “Petite village. 3.040 hab.”.

Mesmo com tão pouco, o desespero gera a audácia, telefonou e marcou uma entrevista.
Foi recebido por um senhor muito velho que pelas roupas e maneiras evidenciava ser uma pessoa importante, um lorde.

O cavalheiro explicou haver recebido de seu pai, que havia recebido de seu avô, uma garrafa de Condrieu para ser bebida à meia-noite do dia 31 do fim do Século. Por engano a cozinheira o usara para temperar o risoto e ele estava perdido, pois apenas lembrava, vagamente, que se chamava Condrieu.

O Sampa, admito, pode ser um baita ignorante e um oportunista, mas é rápido como um raio, tendo percebido que Condrieu era um vinho francês, improvisou: Trata-se dum vinho raro, mas muito peculiar, bem focado, com um caráter varietal muito nítido, grande personalidade, aromas de frutas, mel e “fruits de la passion”.

Propôs-se a dar um curso básico de Condrieu, começando pelos fundamentos: O vinho no Egito dos Faraós. Em trinta lições, pagamento adiantado, evidentemente.

Comprou alguns livros, onde encontrou muito sobre vinhos, quase nada sobre Condrieu e começou a dar aulas.

Um dia o velho, constrangido, perguntou-lhe se não poderia fazer uma palestra no Rotary. Sampa aquiesceu constrangido, porque, como se sabe, o Rotary não paga e “eu preciso pensar no Condrieu das crianças”.

A fama alastrou-se. Logo era apontado nas ruas: “Aquele, o cabelo branco, sabe quem é? É o Condriólogo. O Condriólogo de Curitiba”. “Você sabia que o Chapoutier não engarrafa o Condrieu sem que o Condriólogo, nosso Condriólogo, aprove a assemblage? Viaja todo ano para a França com despesas pagas”.

Começou a escrever uma crônica semanal no jornal: “A verdade no Condrieu”.

Fundou uma confraria: A “Condri-Nós”.

Um dia chega um convite para participar de um júri internacional de degustação de vinhos. Entrou em pânico. Pensou em não ir, mas a notícia vazou e no dia seguinte um jornal de Curitiba já estampava:

“Nosso Condriólogo pode presidir júri em Bordeaux”.

No aeroporto uma multidão compareceu ao embarque. Abraços, beijos, lembra de mim? Uma faixa: “Vai Condriólogo e mostra pra francesada!”.

Em Bordeaux foi recebido pelo organizador que logo escusou-se por não ter sido possível encontrar uma única garrafa de Condrieu, razão pela qual faria parte do painel de Bourgogne.

Aliviado, achou de bom alvitre expor alguma contrariedade: “Claro que conheço Bourgogne, mas, sabe como é, não é a minha especialidade. Ademais andam abusando da madeira por causa do Parker e esta ostentação escarrada de baunilha é uma afronta ao sutil perfume de rosas da Viognier, mas vou esforçar-me para não destoar”.

Pegou a ficha de avaliação e foi imitando os outros: Cheirando, bebendo, sacudindo taças, fechando os olhos, usando mais a sua narina especializada, a esquerda, e dando suspiros. No começo deu 85 para todos. Mas quando um degustador, sentado a seu lado, abriu um laptop, Sampa fez o mesmo com o seu. Botou no programa de gerador de números randômicos que usava para jogar na Sena e passou a usar as notas para os vinhos.

Ao fim da jornada recebeu o prêmio de “Jurado Menor Desvio Padrão”, aquele que tivera o menor erro médio quadrático e mais se aproximara das médias finais.

Na volta a Curitiba teve direito a desfile no carro dos bombeiros, batedores e serpentinas.
Logo publicou um primeiro livro: A Alma Condrieu. Depois outro: O Mundo Condrieu. Está preparando um terceiro: Le Tout Condrieu. Escrever para todas as revistas especializadas do Brasil: Cozinha, Avião, Futebol, Flores e Jardins, Filatelia.

E pelo mundo foi girando, “as visões se clareando”, nos caminhos do vinho, França, Itália, Portugal, Chile, Napa, Argentina, sem nunca (No jantar da entronização na Confrerie du Condrieu du Rhône Septentrional serviu-se um Hermitage tinto, porque “sanglier et blanc, helas, ça ne marche pas”) ter bebido uma única miserável gota de Condrieu.

E assim, vai vivendo nosso Sampa, sempre escrevendo sobre Condrieu, às vezes alegre, às vezes triste, às vezes dispersivo, às vezes indignado, conforme se lhe vá o espírito.

Quando está sem assunto, plagia “O Homem que Sabia Javanês” do Lima Barreto.

Coluna gentilmente cedida por Luiz Groff - Acesse www.invinoveritas.com.br

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Curitiba se Destaca como Polo de Cervejas Especiais


Curitiba tem se tornado referência nacional quando o assunto é cerveja artesanal. Com mais de 20 rótulos, a cidade se tornou uma das maiores produtoras e abriga grande parte dos entusiastas da cultura cervejeira. Em dezembro de 2011, foi criada a Associação dos Cervejeiros Artesanais do Paraná, (ACERVA-PR,  belo nome...) que já conta com mais de 100 integrantes.

A tendência tem ido na contramão das grandes cervejarias: os lançamentos de marcas industriais crescem em torno de 5% ao ano, enquanto os rótulos de microcervejarias crescem 30%. As marcas menores devem esse crescimento porque as pessoas estão cada vez mais interessadas em novos tipos e sabores de cerveja.

As cervejas artesanais não são feitas para o consumos em grande quantidade como as cervejas pilsen comuns industriais. Elas são produzidas para apreciação de seus sabores, pois têm graduação alcoólica variada e sabores fortes. Harmonizam muito bem com refeições mais elaboradas. Feitas para degustar e não "entornar".

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ormie, o Porquinho

Ormie from Ormie Pig on Vimeo.


Ormie é um porquinho aparentemente viciado em biscoitos. Essa animação mostra as manobras de Ormie para tentar pegar os biscoitos que estão em cima da geladeira.

fonte UHULL

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Presente de Natal no Final de Ano do Vila Roti

Chefs do Desejo - Nina Horta

Tenho é notado as diferenças, não digo que gosto mais do que era antes, jamais. O que vejo é como as coisas estão mudando, e bem depressa, aqui e ali. Pensem. Vamos lá, fragmentos de mudanças.

Temos a cozinha de chef e a cozinha de casa, cada vez mais diferentes. Os chefs de restaurantes e os chefs caseiros, o feminino e o masculino, o profissional e o doméstico. Não estou fazendo diferenças de gênero, mas de tipos. O chef pode ser mulher ou homem e o cozinheiro caseiro, também.

Qual a tradição cultural mais importante, a do cozinheiro do passado, o mestre de muitos, o famoso por seus jantares, ou a tradição do cozinheiro de casa que aprendeu de ouvido com a avó e a mãe? As duas, talvez. A cada dia percebemos, nós que nos preocupamos tanto com comida, que temos que conviver com os dois. Os cozinheiros dentro de suas casas alimentando uma família, e os chefs profissionais cada dia mais profissionais, com suas técnicas avançadas, com seus fogos de artifício na festa, no restaurante.

E o que mais mudou? Não se falava muito em comida, apenas comia-se sem muito estardalhaço. Até o outro dia. Hoje levamos um susto ao abrir o Facebook pela primeira vez. Não é possível! Por que me interessaria pelo que eles todos comeram hoje? Que Maricota fez esse bife com arroz e que Jussara comeu curau e Abenilda tem saudade dos bistrôs parisienses? Depois de um mês já achamos normal e começamos a contar também sobre o fermento que herdamos da vizinha. As pessoas têm necessidade de fotografar a refeição e mostrar para os outros o momento de prazer que tiveram. Afinal, a comida talvez seja um dos melhores modos de se conectar com todos e com o mundo. Só pode ser.

Antes, ninguém conhecia o chef, só a comida dele. Hoje o próprio chef é objeto de desejo, mais do que a sua comida. Quando publico no blog uma foto do dinamarquês do Noma, as mulheres me escrevem, não para pleitear uma quentinha, mas perguntando se o Thor não quer ir à casa delas catar mato no jardim. Antes eram todos gatos borralheiros, hoje são todos gatos.

Existe muita diferença entre a peregrinação no caminho de Santiago e a peregrinação à Catalunha do Ferran? Se existe, é somente porque a do Ferran exigia mais estamina na espera. Tão religioso um quanto o outro. E exige-se tanto de um chef como de um santo. Além de saber cozinhar bem, precisa ter tino para negócios, manter seu blog perfeito, aparecer na capa das revistas, fazer propaganda de sopa de tomate e tatuar o torso. Sair no guia, ganhar o concurso, ter um programa de TV, cozinhar na cozinha-aquário de vidro como um peixe fosforescente listrado, escrever um livro com noite de autógrafos lotada.

Já repararam também que os reality shows de comida não têm comida? Só chefs. Aparecem em primeiro plano, queixam-se dos colegas ou dos jurados, choram, riem, gritam e batem palmas. Nós ficamos sem saber como fazer a bomba de maracujá com manga. Isso não quer dizer que choro de saudade da Dona Benta, da Palmirinha e da Ofélia. São mudanças, só isso.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Procon Multa McDonalds em R$ 3 milhões


A Fundação Procon de São Paulo aplicou multa no valor de R$ 3,192 milhões ao McDonald’s por conta das promoções do McLanche Feliz, informou nesta terça-feira (6) o Instituto Alana, que questionou a prática de venda de lanches com brinquedos.

Segundo o Procon-SP, a decisão foi publicada no Diário Oficial do estado no dia 19 de novembro. O órgão destaca que McDonald’s ainda pode recorrer administrativamente e até judicialmente. A empresa tem 15 dias para apresentar recurso ao Procon. O processo ainda está em andamento, mas na primeira fase foi confirmado que a empresa cometeu publicidade abusiva, nos termos da denúncia.

Em nota, o McDonald’s informou que não comenta detalhes de processos em andamento e que "respeita rigorosamente as diretrizes legais na comunicação com seus públicos" e que segue um "rigoroso código de auto-regulamentação publicitária e obrigações previstas no compromisso celebrado em conjunto com outras grandes empresas do setor de alimentos".

Segundo o Instituto Alana, que em 2010 levou o caso ao Procon através do Projeto Criança e Consumo, a venda de alimentos com brinquedos para crianças "cria uma lógica de consumo prejudicial e incentiva a formação de valores distorcidos, bem como a formação de hábitos alimentares prejudiciais à saúde”. "Essa é uma ação de marketing muito agressiva e que se aproveita da vulnerabilidade infantil para vender", diz Ekaterine Karageorgiadis, advogada do instituto.

Segundo o Instituto Alana, desde a denúncia ao Procon até hoje, já foram feitas pela rede cerca de 18 campanhas desse tipo dirigidas a crianças. "Agora em dezembro a rede de fast food lançou mais uma promoção, desta vez com “surpresas” do filme “Gato de Botas”, cuja estreia está prevista para este fim de semana", acrescentou a nota.

Em comunicado, o McDonald’s destacou que os brinquedos podem ser adquiridos separadamente, desvinculados da compra dos produtos. Portanto, a empresa tem convicção de respeitar todas as normas da legislação vigente tanto em relação à comunicação como em relação às práticas comerciais, destacou a rede.

Segundo o diretor do Procon-SP, o valor da multa refere-se ao valor máximo previsto pela legislação na época da denúncia, levando-se em conta a gravidade da conduta, a vantagem que a empresa tirou e a condição econômica da rede.

fonte G1

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Robert Parker, Descoberto o Escândalo


Você quer que a Wine Advocate (Robert Parker e Cia.) visite a sua vinícola? Sem problemas, basta pagar o cachê acordado e pronto. Se eu fosse um produtor aproveitaria agora, pois é época de saldos.

O escândalo foi descoberto pelo blogger americano Jim Budd e envolve diretamente o Jay Miller, colaborador de Parker. Já no passado, Miller, que na Wine Advocate cuida das avaliações de vinhos da América do Sul e Espanha, foi flagrado aceitando viagens e refeições grátis. Mas desta vez ele foi além: ofereceu uma “breve visita” a algumas vinícolas na província de Madri pela “metade do preço usual: U$27.000 + VAT (impostos)”. Ou seja, com recibo e taxas pagas. Quer dizer que não seria uma transação por debaixo dos panos, mas tudo limpo e transparente: um negócio oficial da Wine Advocate.


Parece que o meio utilizado para se fazer as transações foi o Master of Wine espanhol Pancho Campo, que intermediou os contatos entre o Miller e as vinícolas de Murcia. Campo, obviamente, desmentiu tudo.

O mundo do vinho pergunta-se sobre o famoso código de ética de Robert Parker. O aclamado crítico sempre se vangloriou de sua independência, declarando com orgulho que nunca aceitou um centavo de vinícola alguma, que faz questão de escolher livremente os vinhos a serem avaliados e que ele os compra com o próprio dinheiro.

Após a grande repercussão do acontecido, Jay Miller, o crítico incriminado, pediu demissão de forma "espontânea" e já não faz mais parte da Wine Advocate. Parker informa que a mudança não será fácil, mas se mostrou essencial no  momento, segundo seu próprio site. 

Enfim, a história não caiu muito bem e as demissões do colaborador são um claro sinal que algo deu errado. Os e-mails com o pedido de dinheiro existem e ninguém até agora deu uma resposta convincente sobre o assunto.

Aparentemente, a farra dos pontos acabou...

Segue a carta de demissão de Jay Miller em inglês:

“Some may believe my stepping down is in response to my critics. Nothing could be further from the truth. I have felt constrained in responding while still on The Wine Advocate staff. While the office has defended my actions, justifiably, now it is time for me to speak for myself. In what format I will do that remains to be seen. This much is clear. I am returning to Bin 604 Wine Sellers in Baltimore on a part-time basis. I also plan to explore consulting opportunities. However, what really excites me is the opportunity to spend more time in Spain as well as South America researching a book, probably a primer on their wines, which will mean doing more traveling and tasting than I have done up to now. I may well do a blog on wines from Spanish speaking countries (including Chile and Argentina), and apply any additional spare time I may have to studying Spanish. I leave The Wine Advocate with a clear conscience. I have never accepted (or requested) fees for visiting wine regions or wineries. I have enjoyed being part of The Wine Advocate, and I start this new venture with great expectations. I am enormously thankful for the support and friendships I have enjoyed over these years”.

fonte MONDO VINO e VIVENDO A VIDA

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Governo Poda Criatividade de Cervejeiros Artesanais


O Ministério da Agricultura impede o uso de ingredientes e nomes pouco convencionais nas cervejas, dificultando a atuação de pequenos produtores. Proibições de ingredientes e até de nomes de alguns produtos por parte do Ministério da Agricultura vêm barrando a atividade e a criatividade de microcervejarias no país. No último ano, o movimento tem se intensificado, impedindo lançamentos de novas cervejas e atrapalhando até o processo de criação das bebidas.

Na formulação, os desentendimentos ocorrem pela proibição de determinados insumos na produção das cervejas. No caso dos nomes, as decisões são mais subjetivas: o governo tem impedido o uso de títulos ou adjetivos que supostamente confundiriam os consumidores.

O produtor Samuel Cavalcanti, dono da premiada cervejaria Bodebrown, de Curitiba, passou pelas duas situações. Na tentativa de criar sabores e variações da bebida, já teve alguns de seus produtos barrados. Foi o caso de uma cerveja que usaria lactose (o ministério não teria entendido a função que o insumo teria na bebida e, por isso, proibiu seu uso).

Episódio semelhante ocorreu com a DaDo Bier, de Porto Alegre. No início do ano, ela foi proibida de vender uma cerveja com sabor de chocolate. O problema apontado pelo ministério foi que não está prevista a utilização de derivados animais, caso do leite em pó, na produção de cervejas nacionais. Junto com sua parceira, a chocolateria Kopenhagen, a DaDo Bier insistiu no projeto. Reformulou o produto, retirando o ingrediente proibido, mas a bebida foi novamente barrada, por causa do uso de outro insumo.

Segundo Samuel, da Bodebrown, “a criação de produtos diferentes, inusitados, com novos sabores é um dos maiores trunfos das cervejarias artesanais. Diferentemente do que parte do Ministério da Agricultura pode pensar, não estamos descaracterizando a cerveja, mas trazendo inovações para ela, como ocorre no mundo inteiro."

Há cerca de dois anos, a cervejaria curitibana foi aconselhada pelo Ministério da Agricultura a alterar o nome de uma de suas criações, a cerveja Venenosa, a fim de evitar possíveis mal-entendidos. A cervejaria acatou a decisão e o produto passou a se chamar Perigosa. Outras empresas do país também já sofreram com o problema ao registrar nomes que fazem relação a outros produtos, como o chocolate ou a rapadura.

Eduardo, da DaDo Bier afirma que os cervejeiros entendem que o tema é novo e por isso a regulação do setor não está completamente atua­­lizada. Mas, ao mesmo tempo, o ministério também não tem olhado para o tema com a atenção necessária.

Bier e Cavalcanti veem incongruências na regulamentação vigente, uma vez que produtos importados com ingredientes e nomes já proibidos para as cervejas nacionais podem entrar no país sem problemas. Para o dono da Bodebrown, essa diferença no tratamento dispensado ao produto importado e ao nacional evidencia que desentendimentos e proibições têm origem na falta de adequação das normas à realidade das novas cervejarias.

“A nossa relação com os fiscais e, de forma geral, com o ministério, é positiva. O problema está na regulamentação, que deixa muito a desejar e atrapalha nossas atividades”, diz Samuel.

O constrangimento chegou aos locais de venda dos produtos. Semanas atrás, bares curitibanos foram visitados por fiscais do ministério e tiveram de retirar algumas cervejas artesanais de circulação. Por e-mail, o Ministério da Agricultura afirmou que as inspeções vêm sendo feitas dentro do cronograma anual da pasta e não teriam sido intensificadas nos últimos meses.

A fiscalização do Ministério da Agricultura vem atingindo também os produtores caseiros de cerveja. Cerca de seis dos chamados homebrewers paranaenses foram denunciados ao ministério por não terem suas operações comerciais formalizadas no órgão. Em nota, o Ministério afirmou que o número de microcervejeiros tem crescido no estado, assim como o volume de consultas feitas por pequenos produtores interessados no registro. E que os procedimentos e documentos necessários para a formalização da atividade podem ser vistos na Instrução Normativa 19/03 da pasta, que pode ser encontrada em www.agricultura.gov.br.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A Nova "Onda" de Vinhos Próprios



A crescente importância e demanda do vinho nos restaurantes tem provocado uma abordagem diferente em alguns estabelecimentos: a existência de um rótulo próprio, escolhido em vinícolas conceituadas e vendido a um preço geralmente abordável. Boa prática que, naturalmente, deixa para trás os chamados “vinhos da casa” sem marca e sem documento.

Justificando o nome, a rede de bistrôs Le Vin, com casas no Rio e em São Paulo, foi uma das primeiras a fazer isso, trazendo um Malbec argentino. Agora, oferece o Bordeaux Les Arromans Cuvée Prestige 2008, por R$ 118.

A churrascaria Fogo de Chão, com vários estabelecimentos no Brasil e nos EUA, já teve um rótulo próprio e agora lançou quatro de uma só vez: um Malbec argentino safra 2008, elaborado em Luján de Cuyo (R$ 98); um Barolo 2004, de Cuneo, Piemonte italiano (R$ 198); um Primitivo de Manduria 2008, outro italiano, da Puglia (R$ 98) e um Cabernet Sauvignon chileno Gran Réserve safra 2008 (R$ 98).

O grupo de restaurantes Rubayat, incluindo o Figueira, tem o Pazo de Rivas, elaborado na Galícia em vinícola de seu proprietário Belarmino Iglesias, com uvas Mencía Gallega (70%), Merlot (15%) e Syrah (15%), por R$ 85 a garrafa e R$ 28 a taça.

No restaurante Serafina, de São Paulo, o rótulo da casa é um Cabernet Sauvignon com Merlot e Sangiovese produzido em Montalcino, na Itália, por R$ 62. No Zena Caffé, há um “rosso” de 2009 elaborado em Monstespertoli com Sangiovese e outras quatro uvas, por R$ 54, enquanto outro restaurante dos mesmos proprietários, Piselli, oferece o Rubino di Cantavenna 2007, com a uva Barbera por R$ 82.

O bar Bottagallo e a Adega Santiago, de sócios comuns, trabalham com três vinhos de serviço próprio: Rosso de Montepulciano (R$ 67), Nobile de Montepulciano (R$97) e o Rosato di Toscana (R$ 77). 

Na carta do espanhol Eñe, há um vinho jovem da região da Rioja, com Tempranillo, por R$ 75, e no francês La Casserole o astro é o Château La Grave 2005, um biodinâmico de Bordeaux, por R$ 235.

E um caso interessante é o do restaurante Taste Vin, de Belo Horizonte, cujo chef e proprietário, Rodrigo Fonseca, também é sócio da importadora Premium. Com isso, ele disponibiliza cerca de 20 vinhos franceses exclusivamente no restaurante, com preços bastante razoáveis, como o branco Château Saint-Jean de Graves 2007, de Bordeaux, com Semillon e Sauvignon Blanc, por R$ 78.

A grife Fasano também tem sua importadora, a Enoteca, que traz a Selezione Fasano, composta por cinco vinhos italianos especialmente desenvolvidos por grandes produtores para seus restaurantes, incluindo o Gero e Parigi. Há Prosecco, Chianti, Chardonnay, Barbaresco e Barolo em suas cartas.

fonte LUXO IG

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Queijo Artesanais Podem Desaparecer


Os queijos artesanais brasileiros, preparados com leite cru, estão em risco de extinção. Essa é a opinião de produtores, acadêmicos e associações que estiveram reunidos na última semana em Fortaleza no primeiro Simpósio de Queijos Artesanais do Brasil.

Um objetivo comum os uniu ali por três dias de palestras, debates e discussões: preservar os processos seculares de produção desses queijos, que carregam em si valores culturais e históricos. Segundo Kátia Karan, representante do movimento Slow Food, os queijos artesanais feitos com leite cru são uma expressão profunda da nossa forma de vida, muito mais que um alimento.

Não importa se o queijo é feito no Rio Grande do Sul, nas serras de Minas Gerais ou no agreste pernambucano. Todos são de "terroir", ou seja, estão relacionados ao clima, à pastagem e ao tipo de bactérias de cada região. São feitos em pequena escala com leite cru (não pasteurizado), em propriedades familiares e com receitas tradicionais. O saber fazer passa de geração para geração.

Entraves impostos pela legislação federal, que impede que esses produtos de leite cru circulem no país sem que haja cumprimento de uma série de exigências são os principais elementos destacados por produtores e entusiastas para justificar a lenta perda dessa tradição. Em comum, argumentam que a legislação federal é "antiga", de 1952, inspirada no "higienismo norte-americano", e impõe "padrões inatingíveis em nome da saúde".

"A legislação parte do princípio de que o leite precisa ser pasteurizado e despreza essa cultura de queijos produzidos há centenas de anos por causa de um conceito estreito de saúde", disse Helvécio Ratton, diretor do documentário "O Mineiro e o Queijo".

Para Luciano Machado, produtor da serra da Canastra em Minas Gerais, o principal problema é "colocar as mesmas normas da indústria ao pequeno produtor". Segundo Clóvis Dorigon, pesquisador da EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), as restrições impostas forçam o surgimento de um mercado informal desses queijos nas próprias cidades e entre Estados. "São produtos que não se enquadram na forma da lei e isso não quer dizer que eles tenham problemas. Ilegal é narcotráfico", diz Dorigon.

Como viabilizar a saída do mercado informal sem excluir agricultores e sem descaracterizar os produtos é o grande problema que envolve esse tema para a maioria dos participantes do simpósio.

Para o Ministério da Agricultura, o Estado nunca esteve contra os pequenos produtores. "A gente não quer proibir, mas a questão é que precisamos regulamentar esse setor", diz Clério Alves da Silva, chefe do serviço de inspeção de produtos de origem animal em Minas.

Diante das exigências da lei, pela primeira vez surge uma articulação de produtores para pressionar o governo na criação de legislação que os contemple e assim preserve os queijos artesanais brasileiros.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...