sexta-feira, 8 de abril de 2011

Brasileiro Inventa Teste que Detecta Adulteração em Azeites

Ampliar para ver todo o processo
Rodinei Augusti, professor de química da UFMG, conseguiu o que nem os cozinheiros mais treinados são capazes de fazer: identificar adulterações mínimas no azeite de oliva.

A sua constituição mais nobre, o extravirgem, é alvo constante de falsificações. As mais grosseiras, que misturam óleos completamente diferentes, como os de soja e canola, são facilmente identificáveis, inclusive pelo paladar. Já as que envolvem azeites de oliva menos valorizados são mais desafiadoras.

Até agora, o teste mais comum para identificar as fraudes era complexo e levava pelo menos uma hora para chegar ao resultado. Além da demora, ele também não conseguia detectar quando a adulteração era sutil, de poucos mililitros. Nos testes feitos em laboratório pela equipe da UFMG com o novo método, com fraudes provocadas, eles identificaram até adulterações muito sutis, de menos de 1% do volume do óleo.

Augusti afirma que mesmo as variações sendo da mesma matéria prima, há diferenças entre as moléculas que caracterizam os tipos de azeite, os ésteres de cadeia longa (moléculas orgânicas complexas). Essas alterações são diferenças de massa nas moléculas. Elas conferem uma espécie de "impressão digital" ao óleo. Para percebê-la, os cientistas usam o espectrômetro de massa, uma balança molecular de precisão.

Apesar dos testes ainda estarem restritos aos laboratórios, o trabalho chamou a atenção dos Técnicos do Ministério da Agricultura, órgão responsável pela regulamentação do azeite no Brasil. Mesmo com as altas sucessivas nas importações do produto no país (o Brasil é um dos dez maiores compradores do mundo, com consumo anual de cerca de 50 mil toneladas por ano), a aplicação de testes de qualidade ainda não é sistemática.

Segundo o Inmetro, que monitora pesos, medidas e qualidade de produtos, o último teste foi em 2003. Na ocasião, o órgão avaliou 13 marcas, das quais cinco apresentavam adulteração*.

*Nota dos Autores: é impressionante mesmo a falta de preocupação dos órgãos controladores no Brasil. Mesmo com esse resultado, o teste nunca mais foi feito. Afinal de contas, 38%(!) de adulteração em uma amostra nem é um número muito expressivo mesmo, certo? Imagina... Qual é o problema de termos um valor nominal de 19 mil toneladas anuais de produto adulterado?

Vai Brasil...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário. Participe!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...