quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Gnocchi da Fortuna ou da Sorte

Gnocchi de Mandioquinha do Restaurante Vila Roti em Curitiba

Há quase tantas versões da Lenda do Gnocchi da Fortuna quanto de receitas. 

Conta a mais famosa que São Pantaleão andava por um vilarejo da Itália. Faminto, bateu à porta de uma casa.

A família, numerosa, não tinha comida sobrando. Apesar disso, o patriarca fez questão de dividir o pouco que havia para o jantar com o desconhecido. Reunida em torno de uma grande e pobre mesa, eles comeriam gnocchi. Ao dividi-lo com São Pantaleão, cada um dos filhos e filhas do dono da casa (além dele próprio e da esposa) tiveram que se contentar com sete pedacinhos de massa.

São Pantaleão comeu, agradeceu a acolhida e se foi. Só quando recolhia os pratos da mesa é que o patriarca descobriu que, embaixo de cada um deles, havia bastante dinheiro. Por isso todo dia 29 é Dia do Gnocchi da Fortuna.

O ritual é o seguinte: primeiro, coloca-se dinheiro sob o prato. Depois, comem-se os primeiros sete pedacinhos de gnocchi em pé, fazendo um pedido para cada um deles. Só então a família reunida senta à mesa e come à vontade...

Obviamente, como com qualquer lenda, existe uma série de outras versões.

Uma delas conta que um casal de velhinhos de Friuli, norte da Itália, num dia 29 de agosto, ofereceu um prato de gnocchi a um mendigo que agradeceu desejando fortuna aos benfeitores. Quando foram recolher a mesa, encontraram moedas sob o prato. E nunca mais lhes faltou dinheiro.

Outra conta que um missionário, ao passar por uma aldeia, foi calorosamente recebido com um prato de gnocchi. O missionário gostou tanto da recepção que aconselhou os habitantes a se reunirem sempre daquela forma, para que a aldeia prosperasse. E foi o que aconteceu.

Com o tempo, a lenda foi ganhando força na figura de uma senhora que abria sua casa nos dias 29 aos viajantes, para servir um prato de gnocchi e, embora pobre, não cobrava por isso. Alguns deixavam dinheiro embaixo do prato e, com ele, a mulher comprava os ingredientes para o gnocchi do mês seguinte. Ninguém sabe se a mulher ficou rica e nem de que eram feitos o gnocchi, mas isso não importa. O fato é que devia mesmo ser uma ótima receita e ela provavelmente oferecia com tanto prazer que trazia sorte para ela e para os viajantes.

Supõe-se que o gnocchi exista desde os antigos gregos e romanos. Mudando conforme os ingredientes da massa e do molho, o gnocchi começou a ser elaborado com várias farinhas, sobretudo de trigo, arroz e miolo de pão, todas misturadas com água, temperadas com sal e cozidas na água. Anos mais tarde, a massa foi enriquecida com espinafre, queijo e castanha. Após a introdução do milho na Itália, em meados do século XVI, surgiu o gnocchi de polenta. Mas foi a chegada da batata, vinda da América entre os séculos XVI e XVII, que mudou a história do prato, tornando-se seu ingrediente mais importante, embora continuem prestigiados os gnocchi de farinha de trigo e semolina. No passado, era característico das cozinhas do norte e centro da Itália, mas hoje caiu em domínio nacional, vencendo até a resistência dos napolitanos, adeptos irredutíveis do spaghetti e de outras massas longas.

Enfim, seja qual for a lenda da sua preferência, o importante é que o gnocchi é um prato delicioso e um excelente pretexto para juntar-se aos amigos em volta da mesa para comer e se divertir!!

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