segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Pint to Pint


Olá, somos Jessé Lagos e Carlos Gemin. Somos Farmacêuticos Industriais com mestrado em Ciências Farmacêuticas com ênfase em Produtos Naturais, e nos interessamos por plantas e seus extratos, então por que não extrair açúcares fermentáveis, aromas e sabores para fazer a nossa própria cerveja? 

Há algum tempo começamos a fabricar cervejas de forma artesanal e a pesquisar sobre o assunto. Quanto mais estudamos, mais aprendemos sobre a complexidade do assunto, os diferentes tipos de cerveja, ingredientes e processos. Estamos descobrindo uma grande variedade de tipos dessa bebida milenar e assim, conhecendo seus modos de fabricação, matérias-primas, reações químicas e enzimáticas, equipamentos industriais e artesanais, grupos de discussão e de estudos, tudo com um único objetivo: apreciar um delicioso copo de uma boa cerveja

A paixão por cervejas especiais surgiu em Londres, em um curso de produção de cervejas na Brewlab em Sunderland. Na volta para o Brasil começamos a produção artesanal, experimentando novos insumos nacionais e importadas. Assim, buscamos um equilíbrio entre a escola tradicional inglesa e a inovação com ingredientes brasileiros.

Bons apreciadores de cerveja que somos e interessados em trocar informações sobre o assunto, vamos compartilhar mensalmente com vocês algumas curiosidades que estamos descobrindo e experimentando. Esse tornou-se nosso hobby e como boas bebidas também fazem parte da gastronomia, vamos tentar descomplicar o mundo das cervejas.
            
Para começar, existem basicamente três grandes grupos de cervejas, as Lager, ou de baixa fermentação, as Ales, de alta fermentação, e as Lambic, de fermentação natural. A principal diferença entre elas está na espécie de levedura utilizada.  Cada levedura utilizada possui características próprias para que ocorra a tão esperada transformação de açúcar em álcool, por exemplo: a fermentação das Ales ocorre em temperaturas entre 15 e 24 ºC e durante o processo as leveduras ficam na parte superior do tanque, nas Lagers a fermentação ocorre em temperaturas entre 7 e 12 ºC e as leveduras se concentram no fundo do tanque. Já as Lambics são cervejas produzidas com fermentação natural onde, além das leveduras cervejeiras, também participam do processo leveduras selvagens e bactérias naturalmente presentes na região de produção, as quais contribuem para o sabor ácido desse estilo.

As cervejas mais consumidas no Brasil são cervejas do tipo Lager, as mesmas do tempo em que nossos pais e tios tiravam as garrafas de dentro de um tambor com gelo e serragem, mais especificamente são Pilsens, cervejas claras com sabor leve e pouco ou nenhum aroma e amargor.

As grandes empresas cervejeiras brasileiras produzem basicamente Lagers: pilsens, bocks e malzbiers. Porém as primeiras cervejas a serem produzidas no mundo, e há relatos que isso começou no período neolítico ou 9.500 aC quando os cereais começaram a ser cultivados, como está registrado na história escrita do antigo Egito e da Mesopotâmia. Eram bebidas de fermentação natural, onde os barris ficavam abertos e as leveduras presentes no ambiente faziam a fermentação. Poderiam ser consideradas próximas ao estilo Lambic, muito direfente das que conhecemos hoje, por não possuírem lúpulo na sua composição.

Na Europa medieval os monges produziam as Ales e Lambics e somente elas eram produzidas até o sec. XVI, quando monges da Baviera, na Alemanha, notaram que cervejas guardadas em cavernas congeladas nos Alpes estavam sendo fermentadas por um novo tipo de levedura que tolerava temperaturas baixas e resultava numa cerveja mais clara e leve.
            
Somente atualmente, em 2011, cientistas portugueses descobriram que essas leveduras Lagers são descendentes de uma cruza natural das cepas Ales que eram utilizadas na época, com uma variedade resitente ao frio levadas da patagônia Argentina como contaminante das madeiras dos navios dos primeiros europeus que vieram para a América do Sul.
            
Bom chega de falar das Lagers, pois são nas Ales que encontramos toda a grande novidade de assuntos que comentamos acima. No próximo mês vamos falar das Real Ales, quais os tipos e suas características, além de trazer um esboço simples de como é feita uma Ale e por qual característica cada matéria-prima é responsável no produto final.

Um abraço, Carlos e Jessé.

Um comentário:

  1. Caros Amigos!
    Parabéns pela iniciativa saborosamente esclarecedora. Fim de semana degustaremos...
    Abraços

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