segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dieta do Brasileiro é Pobre e Rica em Calorias


O brasileiro consome menos frutas, verduras, legumes, leite e alimentos com fibras do que o recomendado. Ao mesmo tempo, ingere em excesso biscoitos, refrigerantes e outros produtos industrializados com muitas calorias e poucos nutrientes.

O resultado dessa dieta é que brasileiros a partir de dez anos apresentam padrões altos demais de ingestão de sódio (oriundo do sal), açúcar e gordura saturada - substâncias associadas ao desenvolvimento de hipertensão, diabetes e até câncer. O consumo de vitaminas A, D e E, cálcio e fibras está abaixo do recomendado.

A constatação é do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que ouviu 34 mil pessoas entre 2008 e 2009 para o primeiro estudo de abrangência nacional sobre consumo individual de alimentos. Na Pesquisa, foram considerados os produtos ingeridos dentro e fora de casa.

"Embora tenha uma alimentação ainda à base de arroz e feijão, que têm teores de nutrientes bons, o brasileiro precisa melhorar o consumo de frutas, legumes e verduras e diminuir o de sódio e de açúcar", diz André Martins, técnico do IBGE e um dos responsáveis pelo estudo.

De acordo com o endocrinologista Isaac Benchimol, especializado em nutrologia, o baixo consumo de vitaminas e cálcio constatado pela pesquisa pode levar ao desenvolvimento de osteoporose e a problemas nos olhos, na pele e nos cabelos, entre outros.

Um dos "vilões" apontados por André é o refrigerante, que já aparece entre os cinco produtos mais consumidos pelos brasileiros, atrás do café, do feijão, do arroz e dos sucos e refrescos. Mesmo ingeridos em quantidades menores, biscoitos, salgadinhos, pizzas e doces também preocupam.

Outro problema é a escassez de frutas, verduras e legumes - alimentos que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) deveriam somar ao menos 400 g por dia.

De acordo com a pesquisa, mais de 90% da população com dez anos ou mais de idade consome menos do que isso. Metade sequer atinge 69 g diários, ou seja, pouco mais de um sexto do ideal.

Para a coordenadora geral de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Constante Jaime, os dados do estudo confirmam a "urgência" de políticas públicas para a promoção da alimentação saudável no país.

Segundo ela, o governo está desenvolvendo um plano nacional de combate à obesidade e outro para o combate às doenças crônicas. Ambos devem ser lançados até o fim deste ano. O objetivo é não só conscientizar os consumidores para a necessidade de fazer escolhas mais saudáveis, mas também adotar medidas que permitam elevar a qualidade dos alimentos disponíveis para consumo.

Exemplos dessa estratégia são acordos com a indústria para a redução dos teores de sódio dos alimentos processados e o fomento da agricultura familiar.

Para corrigir o déficit generalizado de nutrientes, porém, a melhor receita é dar preferência a alimentos naturais e montar um prato colorido, como ensina Isaac.

A situação nutricional do brasileiro é compatível com as piores expectativas da atualidade, assim como observamos em outros países em desenvolvimento e do Primeiro Mundo. O maior tempo dedicado ao trabalho leva a um consumo crescente de alimentos industrializados, prontos e com excesso de sal, açúcar e gordura saturada, além da opção pelo fast food. A manipulação dos alimentos na forma natural, principalmente frutas, legumes e verduras, está sendo relegada ao segundo plano do planejamento doméstico.

Ao mesmo tempo, cada vez mais observamos a popularização do uso de suplementos de minerais, como cálcio, potássio e zinco, ou de vitaminas, na tentativa de suprir uma necessidade artificial, criada pela publicidade. É mais fácil tomar uma pílula do que comer três porções de frutas e vegetais todos os dias. Grupos específicos, como idosos, podem precisar dessa suplementação, em forma de produtos farmacêuticos ou de alimentos fortificados com fibras solúveis, ômega-3, etc.

Mas o que as pesquisas mostram é a necessidade de projetos educacionais para a alimentação saudável, que ataquem tanto a desnutrição infantil quanto a obesidade. Seria necessário um pacto incluindo a indústria da alimentação e as esferas de governo em prol dessas ações educativas. Por que não um projeto "Obesidade Zero"?

por ANTÔNIO GOIS, DENISE MENCHEN e DANIEL MAGNONI

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