quarta-feira, 7 de março de 2012

Restaurant Week, uma Faca de Dois Gumes



Restaurant Week coleciona polêmicas, mas cresce e bate recorde de casas participantes.

Após cinco anos, a São Paulo Restaurant Week chega amanhã (5) à sua décima edição com o recorde de participantes, 255 casas. Embora se consolide a cada ano, o evento ainda divide opiniões de clientes e donos de restaurantes. A pergunta é sempre a mesma: vale a pena participar?

De um lado, paulistanos se queixam das grandes filas, da segregação no atendimento e da baixa qualidade do menu, que muitas vezes não respeita a proposta original da casa. 

Do outro, proprietários e chefs reclamam do desgaste excessivo da brigada com a quantidade de clientes e das dificuldades para manter a qualidade, tanto no serviço quanto na cozinha, sem ter prejuízo diante dos baixos preços (o menu do almoço custa R$ 31,90 e o do jantar, R$ 43,90, incluindo entrada, prato e sobremesa).

Para os organizadores o restaurante é o responsável por dar conta dessas questões. Segundo eles, "O Restaurant Week é um evento de marketing. Divulgamos quem topar oferecer um menu completo ao nosso preço fixo, mais baixo que o usual." A contrapartida, diz, é uma taxa de R$ 2.000 (em 2012) para que a casa receba menu, banner e folhetos impressos, urna para doações, além de assessoria e fotos de divulgação. 

Assim, é difícil saber quando um lugar não atende à demanda. "Acho o evento bacana, mas não dei conta. Saltei de 50 para 200 menus por almoço, mas a metade das pessoas saiu insatisfeita", diz a chef Renata Vanzetto, 23, do Marakuthai nos Jardins, zona oeste, que participou de duas edições e neste ano está fora. "É muito trampo e pouca grana. Meus funcionários ficavam mortos no almoço e isso se refletia no atendimento do jantar", conta ela.

Bruno Fattori, 33, dono do Le Manjue na Vila Nova Conceição, zona sul, endossa o item finanças. "Não tenho prejuízo, mas fico empatado financeiramente, pois sirvo o mesmo prato do dia a dia durante o evento." Para ele, que participa pela segunda vez, as duas semanas (5 a 18/3) servem como estratégia de marketing a longo prazo. "O jovem que não ganha tão bem pode nos conhecer e voltar no futuro."

Edson Di Fonzo, 55, do La Marie em Pinheiros, diz que é possível ter lucro. "É a hora de exercer a criatividade e ter planejamento. Consigo servir ostra e lagosta porque faço compra antecipada", diz ele, o primeiro a assinar contrato com a marca. "Dá para fidelizar em torno de 10% dos visitantes."

Bel Coelho, 32, que já participou três vezes com o Dui, nos Jardins, acha que o evento cumpre a proposta de democratizar menus caros. "Mas não quero inchaço de clientes. Em outras edições, dei conta, mas não no mesmo nível de qualidade. Digamos que ofereci serviço e comida OK." 

Emerson reconhece que nem sempre tudo sai como o esperado. "Já passei por más experiências, mas tive outras muito boas também." 

Como em quase todas as situações cotidianas, existem prós e contras em participar do evento:

Prós

- Com menu a preço fixo, o evento é uma chance para o cliente conhecer endereços mais caros e para o restaurante conquistar novos clientes

- A Restaurant Week faz o número de clientes até quadruplicar, o que pode aumentar o faturamento da casa e também a caixinha dos garçons 

- O cliente é convidado a doar R$ 1 à Associação Comunitária Monte Azul. Nas dez edições, foram doados cerca de R$ 500 mil

Contras

- Com o menu fixo, a casa oferece receitas mais simples e/ou que não tenham relação com a proposta original do restaurante

- O baixo preço cobrado é um desafio para muitos restaurantes que se propõem a manter o bom nível da comida e do serviço sem ter prejuízo

- Grandes filas e mau atendimento são reclamações frequentes. Além disso, há restaurantes que segregam clientes do evento dos habitués 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário. Participe!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...