sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Qual Rolha Devemos Usar?


De um lado temos o ritual da abertura da garrafa de vinho com um saca-rolhas que, para muitos, completa o deleite proporcionado pela bebida. De outro lado temos o risco de anticlímax de abrir um vinho estragado por problemas na rolha.

Nos últimos anos, o debate tem sido intenso em torno do modo ideal de vedar as garrafas e dos problemas que envolvem a rolha de cortiça. O tema é importante, pois o modo de tampar o recipiente influi muito na qualidade final do produto.

Garrafas de vidro são usadas para armazenar vinho desde os tempos do Império Romano. Esse recipiente só se tornou padrão a partir do século XVII e, com ele, o uso da rolha de cortiça foi adotado. As qualidades naturais da rolha de cortiça são muitas: elasticidade, aderência, longevidade e permeabilidade.

Só recentemente, com o aperfeiçoamento das rolhas sintéticas e das tampas de rosca, a cortiça começou a ser ameaçada em seu posto de vedante ideal para as garrafas. O motivo da busca de novas maneiras de tapar os recipientes tem sido o TCA, tricloroanisol, um defeito que ocorre nas rolhas de cortiça. O TCA é uma substância química volátil liberada pela cortiça quando é atacada por um fungo que provoca aromas desagradáveis de mofo no vinho. Fala-se que, hoje, de 2 a 5% dos vinhos vedados com rolhas de cortiça sofrem problemas causados pelo TCA.

A cortiça vem da casca do carvalho da espécie Quercus suber, ou Sobreiro, muito comum no sul de Portugal. Um sobreiro demora 25 anos para dar sua primeira "safra" e depois, a cada nove anos, sua casca de cortiça pode ser retirada novamente. 

Atualmente, os produtores de rolhas de cortiça estão trabalhando para melhorar seu produto e reduzir a incidência de TCA. São implementados controles de qualidade para livrar a matéria-prima de contaminação e, além disso, as qualidades naturais da cortiça são enfatizadas, como importância econômica para as comunidades rurais e para o equilíbrio dos ecossistemas dos quais fazem parte, por exemplo.

Os tipos de rolha de cortiça

Rolha maciça - Feita de cortiça maciça, é a de melhor qualidade. Quanto mais longa, larga e elástica ela for, melhor. Uma rolha grande pode ter 55 mm de comprimento e 25 mm de diâmetro. Enquanto isso, uma pequena tem 30 x 15 mm, por exemplo. O diâmetro da boca da garrafa é sempre menor que o da rolha, que é colocada comprimida por uma máquina, para que fique firme e vede bem o recipiente. Uma rolha considerada "top" pode custar mais de 1 euro a unidade.
 
 
Rolha de aglomerado de cortiça - A mais barata. Feita de cortiça moída e cola, a partir da sobra da elaboração das rolhas maciças. Difere da maciça da mesma forma que uma madeira maciça se compara a uma madeira de aglomerado. Sua elasticidade e durabilidade são menores que a de uma maciça (e seu tamanho por vezes também). Em alguns casos, a cola destas rolhas pode passar aromas negativos ao vinho, o que motivou alguns produtores a adicionarem um disco de cortiça maciça na parte da rolha que fica em contato com o líquido.
 
 
Rolha de champagne - É feita de duas partes, em forma de cogumelo. A parte de cima, a cabeça do cogumelo, é propositalmente feita de aglomerado bastante rígido, sem elasticidade, para que se possa segurar e sacar a rolha com as mãos ou um alicate apropriado. A parte de baixo, que fica dentro do gargalo da garrafa, é de rolha maciça e elástica, para vedar a garrafa e proteger o liquido.
 
 
Vedantes alternativos mais comuns
 
Rolha sintética - Estas chegaram ao mercado no início dos anos 1990 causando espanto (e, às vezes, revolta) em consumidores tradicionalistas. Este tipo de rolha oferece vantagens e desvantagens em relação às de cortiça. Elas são mais baratas, permitem que o vinho seja guardado de pé, podem ser coloridas e, o principal, não transmitem o TCA. Como desvantagens estão o lado estético (para os tradicionalistas) e o fato de sua durabilidade não ser comprovada. Normalmente usa-se este tipo em fermentados de menor preço e com uma expectativa de vida de menos de cinco anos. Cerca de 20% das garrafas de vinho é vedada com rolhas sintéticas.

 
Tampa de Rosca - Conhecida como "screwcap", este tipo de vedante vem sendo pesquisado para uso em vinhos na Austrália desde os anos 60 e há tempos é usado com sucesso em vários tipos de bebida (cerveja, sucos, água mineral, etc). Trata- se de uma tampa metálica de rosca coberta internamente por um plástico inerte. Seu custo é baixo, são de fácil manuseio (dispensam o uso saca rolhas), com elas a garrafa pode ficar de pé, são recicláveis, livres de TCA e funcionam perfeitamente para fermentados jovens. Sua longevidade, contudo, não está comprovada para uso em produtos de guarda, embora já seja bastante aceita sua grande eficiência em vinhos brancos e de consumo jovem em geral. Este tipo de vedante é adotado por novos produtores a cada ano e é a grande tendência deste mercado. Atualmente cerca de 15% de todas as garrafas comercializadas no mundo possuem tampa de rosca. Estima-se que, em 2009, mais de 3 bilhões de recipientes de vinho serão vedados desta maneira.


O tema ainda é polêmico e a discussão está longe de alcançar um consenso, já que só o tempo dirá qual o método mais seguro e longevo de vedar essa bebida milenar.



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